sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Supondo o errado
Suponhamos
que eu seja uma criatura forte, o que não é verdade. Suponhamos que ao tomar
uma resolução eu a mantenha, o que não é verdade. Suponhamos que eu escreva um
dia alguma coisa que desnude um pouco a alma humana, o que não é verdade.
Suponhamos que eu tenha sempre o rosto sério que vislumbro de repente no
espelho ao lavar as mãos, o que não é verdade. Suponhamos que as pessoas que eu
amo sejam felizes, o que não é verdade. Suponhamos que eu tenha menos defeitos
graves do que tenho, o que não é verdade. Suponhamos que basta uma flor bonita
para me deixar iluminada, o que não é verdade.
Suponhamos que eu finalmente esteja sorrindo logo hoje que não é dia de
eu sorrir, o que não é verdade. Suponhamos que entre meus defeitos haja muitas
qualidades, o que não é verdade. Suponhamos que eu nunca minta, o que não é
verdade. Suponhamos que um dia eu possa ser outra pessoa e mude de modo de ser,
o que não é verdade.