Há um tipo de
choro bom e há outro ruim. O ruim é aquele em que as lágrimas correm sem parar
e, no entanto, não dão alívio. Só esgotam e exaurem. Uma amiga perguntou-me,
então, se não seria esse choro como o de uma criança com a angústia da fome.
Era. Quando se está perto desse tipo de choro, é melhor procurar conter-se: não
vai adiantar. É melhor tentar fazer-se de forte, enfrentar. É difícil, mas
ainda menos do que ir-se tornando exangue a ponto de empalidecer.
Mas nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que
respeitar a nossa fraqueza. Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza
legítima à qual temos direito. Elas correm devagar e quando passam pelos lábios
sente-se aquele gosto salgado, límpido, produto de nossa dor mais profunda.
Homem chorar
comove. Ele, o lutador, reconheceu sua luta às vezes inútil. Respeito muito o
homem que chora. Eu já vi homem chorar.